Robertson Frizero

Escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária

“É a ação dramática, que impulsiona o texto adiante”. A dramaturgia de Robertson Frizero

Uma série de livros de dramaturgia de Robertson Frizero começa a ser lançada em formato e-book. Os dois primeiros são Quando vi, minha vida não existia e a tradução Um casamento arranjado, de Alfred Sutro. Ambas obras estão disponíveis no site da Amazon. Para assinantes do Kindle Unlimited, os livros estão disponíveis gratuitamente.

Na entrevista a seguir, Robertson Frizero comenta sobre como começou sua produção em dramaturgia e como esse interesse dialoga, especialmente, com dois outros gêneros com os quais trabalha: poesia e prosa.

“A dramaturgia ensina-o a estruturar uma história, tendo por foco os acontecimentos que lançam a história adiante; a poesia faz o escritor construir sentido a partir do simbólico, a dizer mais com menos; e a prática da prosa literária traz para o escritor a capacidade de escrever pensando no impacto emocional do texto”, descreve Frizero.

Entrevista com Robertson Frizero

Acompanhe a entrevista na íntegra com Robertson Frizero sobre sua experiência com a narrativa de teatro em perspectiva com a prosa e a poesia.

Você fez parte de um grupo chamado Dran que era liderado pela dramaturga e diretora Graça Nunes. Como foi essa experiência?

Robertson Frizero – O Dran foi um grupo de dramaturgia que surgiu de uma oficina literária orientada pela diretora e dramaturga Graça Nunes, em Porto Alegre, a partir de 2008. A oficina tinha um caráter permanente, com reuniões semanais nas quais estudávamos dramaturgia e produzíamos muito. Com a evolução do grupo, surgiu o primeiro espetáculo e, pouco tempo depois, o grupo tornou-se um núcleo de dramaturgia residente no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.

Vários colegas passaram pela oficina, mas o núcleo central foi formado por Dedé Ribeiro, Monique Revillion, Stella Bento, Renato Mendonça e eu. O Dran acabou gerando um grupo teatral, que participava de espetáculos com a leitura semiencenada dos textos, e um livro, “Teatro com Graça“, patrocinado pela Prefeitura de Porto Alegre.

Foto com participantes do Dran
Dran (da esquerda para a direita): Monique Revillion, Renato Mendonça, Stella Bento, Graça Nunes, Robertson Frizero e Dedé Ribeiro (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi uma experiência inesquecível, transformadora. Éramos um grupo muito afinado, líamos e comentávamos os textos de todos, crescemos juntos. Até hoje mantenho contato com os colegas e com minha mestra, Graça Nunes.

Capa do livro Teatro com Graça, do grupo Dran
Reprodução capa do livro Teatro com Graça, do grupo Dran

Como surgiu a ideia de escrever a peça Quando vi, minha vida não existia?

Robertson Frizero – A ideia surgiu de um exercício do Dran: estudávamos sobre monodramas e o desafio foi adaptar um texto literário para uma peça teatral com uma única personagem. Decidi adaptar um texto próprio chamado Alguém como você. Minha colega Stella Bento, que é atriz, apaixonou-se pelo texto e pediu para encená-lo.

Um outro desafio, o de escrever um monodrama quase autobiográfico, originou Diagnóstico, que também foi incorporado à ideia da montagem. Para formar um espetáculo coeso, escrevi A Espera, no qual as personagens dos dois monodramas encontram-se na sala de espera do psicanalista. Quando vi, minha vida não existia reúne esses três textos.

Capa do livro Quando vi, minha cia não existia
Reprodução capa do livro Quando vi, minha vida não existia

Como foi traduzir Um casamento arranjado, de Alfred Sutro?

Robertson Frizero – Eu sou apaixonado por peças curtas e descobri, em uma viagem a Londres, uma livraria especializada em textos teatrais! Pedi por peças teatrais curtas e acabei descobrindo as curtains, que eram, no início do século XX, essas breves cenas levadas ao palco antes das peças principais – ou mesmo nos intervalos entre os atos, para dar tempo para as demoradas trocas de cenário. Como o nome em inglês revela, eram encenadas na frente das cortinas fechadas.

Autores como Alfred Sutro transformaram essas pequenas cenas em obras de arte – e é minha intenção traduzir mais textos como este, de novos autores. Um Casamento Casamento Arranjado é delicioso, traz aquele mesmo humor sutil e ácido sobre a sociedade inglesa de um Oscar Wilde.

Capa Um casamento arranjado, de Alfred Sutro
Reprodução da capa Um casamento arranjado, de Alfred Sutro

Que outras obras de dramaturgia tens na gaveta?

Robertson Frizero – Tenho muitos textos teatrais inéditos. Minha intenção é criar uma série de e-books com esses textos, inclusive. Há uma grande procura por textos teatrais breves – e praticamente não se publica mais literatura dramática no Brasil. Mas tenho esperança de que os leitores em geral também se interessem por essa produção e comecem a ler novamente teatro. O texto teatral é, afinal, Literatura também.

Quais as principais diferenças de escrever teatro e prosa literária?

Robertson Frizero – Escrever dramaturgia tem inúmeras peculiaridades em relação ao texto em prosa. Não só o formato é diferente, mas sobretudo as exigências impostas pelo palco. O autor teatral escreve pensando nas impossibilidades: número de personagens, cenários, tempo de espetáculo… sobretudo em um país como o nosso, em que não há um orçamento infinito para as produções teatrais.

“O maior desafio para o autor é entender o que é a ação dramática, que impulsiona o texto dramático adiante”

Robertson Frizero

Mas o maior desafio para o autor é entender o que é a ação dramática, que impulsiona o texto dramático adiante. Não é raro encontrar grandes escritores que falharam terrivelmente ao escrever para o palco.

Como você vê esse trânsito entre dramaturgia, poesia e prosa? Como uma técnica vai impactando na outra?

Robertson Frizero – Creio ser muito valioso para um escritor experimentar os três gêneros, mesmo que se sinta mais vocacionado a apenas um deles. A dramaturgia ensina-o a estruturar uma história, tendo por foco os acontecimentos que lançam a história adiante; a poesia faz o escritor construir sentido a partir do simbólico, a dizer mais com menos; e a prática da prosa literária traz para o escritor a capacidade de escrever pensando no impacto emocional do texto.


Quando vi, minha vida não existia: Teatro

SINOPSE: Uma mulher que planeja meticulosamente uma vingança enquanto o marido lhe diz que quer o divórcio. Um homem ansioso que vê todo o seu passado mudar ao receber um simples bilhete. O encontro fortuito e inesperado dessas duas personagens na sala de espera do psicanalista. A peça teatral de estreia de Robertson Frizero, que ganhou sua primeira montagem em 2015, é agora publicada em formato ebook. A leitura oferece novas perspectivas para quem assistiu o espetáculo e apresenta aos leitores que não o viram uma história de grande dramaticidade que, com humor e ironia, questiona a sanidade e a loucura em cada um de nós.

Clique aqui e acesse a obra.


Um Casamento Arranjado: Teatro

SINOPSE: Um homem rico, mas sem berço, propõe casamento para uma moça de berço, mas sem tostão. A breve peça teatral de Alfred Sutro (1863-1933) representa com humor e picardia os casamentos arranjados da época vitoriana, aqui em sua primeira tradução para o português.

Clique aqui e acesse a obra.


Clube de criação literária

Clube de Criação Literária é uma dessas ações de mecenato coletivo – neste caso, em favor do escritor e tradutor Robertson Frizero. Mas, como o próprio nome sugere, é uma ação de mecenato que traz, também, uma ideia inovadora no campo da formação continuada em Escrita Criativa.

Associando-se ao Clube, o participante colabora com o mecenato coletivo e tem acesso a conteúdo exclusivo sobre Criação Literária:

  • Material didáticoartigos resenhas de livros de interesse na área de Criação Literária;
  • Reuniões on-line e debates sobre Criação LiteráriaLiteratura Mercado Editorial;
  • Vídeos, áudios, apresentações e sessões de mentoria literária em grupo;
  • Sorteios mensais de livros e serviços de mentoria literária individual e leitura crítica.

Desafio de literatura 2021: envie suas resenhas e ganhe prêmios

Conhece o Desafio de literatura 2021 do site Frizero? Você pode publicar sua resenha literária em nossa página e de quebra ganhar o livro  Dostoiévski – Correspondências (1838-1880), do escritor russo que completa duzentos anos de nascimento em 2021. A edição foi traduzida por Robertson Frizero.

Como devo escrever e enviar minha resenha

No mês de outubro, o desafio é ler um Um livro de terror escrito por um autor brasileiro.

Para participar basta enviar seu texto para sitefrizero@gmail.com com o assunto [DESAFIO DE LITERATURA – NOME DO PARTICIPANTE].

Lembre-se deixar no formato .doc com a seguinte formatação: Times New Roman, 12, espaçamento 1.5, título e autor no nome do arquivo.

Caso sua resenha seja escolhida para publicação, você receberá um e-mail solicitando dados para o recebimento da premiação.


Robertson Frizero

Retrato de Robertson Frizero
Robertson Frizero

Robertson Frizero é escritor, tradutor e professor de Criação Literária. Sua primeira oficina foi lançada em 2011, e desde então se manteve em atividade contínua, entre oficinas, cursos, palestras e mentorias literárias. Foi jurado do Prêmio Jabuti de Literatura por três anos consecutivos e jurado do Prêmio Açorianos de Literatura. É Mestre em Letras pela PUCRS e especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS.

Frizero é autor de romances e livros infantis premiados, e já publicou também poesia, contos e textos teatrais. Seu livro de estreia, o infantil Por que o Elvis Não Latiu? [8INVERSO, 2010], foi agraciado com o Prêmio Crescer. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias [Dublinense, 2015], ganhou o Prêmio AGES de melhor romance do ano pela Associação Gaúcha de Escritores – AGES e foi finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Açorianos de LiteraturaLonge das Aldeias foi também escolhido pelo Governo Federal para distribuição à Rede Pública de Ensino no PNDL Literário 2018. Em 2020, Longe das Aldeias foi traduzido para o árabe e publicado no Kuwait e Iraque, com distribuição para todo o mundo árabe.


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Roberson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária. É Mestre em Letras pela PUCRS e Especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua formação inclui bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ). Seu livro de estreia, Por que o Elvis Não Latiu?, foi agraciado pelo Prêmio CRESCER como um dos trinta melhores títulos infantis publicados no Brasil. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, do Prêmio Açorianos de Literatura e escolhido melhor livro do ano pelo Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – AGES. Foi, por três anos consecutivos, jurado do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro – CBL.

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