Robertson Frizero nasceu suburbano no Rio de Janeiro, em 15 de agosto de 1969. Seu bairro era calmo e pacato na época em que era um dos meninos a correr do seu prédio sem muros até o velho bonde que enfeitava uma pracinha logo no início da rua principal. Uma de suas diversões, além das aulas de catecismo aos domingos e das proféticas brincadeiras de Polícia e Ladrão nas ruas que limitavam o seu quarteirão, era sentar-se na calçada em frente a certo sobrado e ouvir os sons curiosos de um ensaio musical que somente na juventude descobriria tratar-se das experimentações de seu então vizinho Hermeto Pascoal.
Entrou para a Marinha do Brasil aos quinze anos; lá recebeu o Ensino Médio e uma carreira de nível superior. Como Oficial do Corpo de Intendentes da Marinha, profissão que exerceu até 1999, conheceu dezenove países e morou em três estados – mas não se adaptou ao trabalho que, para muitos, era um grande ideal.
Divorciado, pai de um menino da safra de 2010, radicou-se em Porto Alegre em 1999, adotando a cidade como seu lugar no mundo. Viveu em sua cidade natal por vinte e cinco anos, mas suas referências hoje são múltiplas e confusas entre Rio de Janeiro, Porto Alegre e Juiz de Fora, cidade mineira onde nasceu sua mãe e que teve importância vital em sua infância e juventude. Angra dos Reis, Brasília, Santa Maria, São Paulo, Barra Bonita e Rio Grande também passaram por sua vida, com diferentes efeitos e lições para os seus anos de maturidade. Por Porto Alegre apaixonou-se verdadeiramente – mesmo nutrindo ainda o sonho de um dia morar no Porto, em Portugal. Desde janeiro de 2020, estabeleceu-se e vive em Florianópolis.
Formação
É mestre em Letras – Teoria da Literatura pela PUCRS e especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua graduação foi o bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ). Atuou muitos anos como professor de língua inglesa e língua espanhola, tendo sido o Instituto Cultural Brasileiro Norte-americano, em Porto Alegre, a instituição na qual permaneceu por mais tempo. Tem a impressão de que era um bom professor e ainda mantém contato com vários alunos daqueles tempos. É um apaixonado pela docência, a qual já exerceu por um salário quase simbólico apenas pela oportunidade de estar lecionando – algo que não mais faria hoje. Mas ainda se envolve de coração aberto em eventos e projetos nos quais doa de bom grado seu trabalho em prol de uma boa causa.
Carreira literária
Começou a ver com seriedade sua carreira literária ao ingressar, no ano de 2007, na Oficina de Criação Literária da PUCRS, coordenada pelo escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, e na Oficina de Dramaturgia DRAN, sob a orientação da dramaturga, professora e diretora teatral Graça Nunes. Também acompanhou com interesse e muito proveito o Laboratório de Escrita Criativa do escritor português Luís Carmelo, oferecido pelo Instituto Camões, de Lisboa.
Tem um grande interesse na Literatura Portuguesa, na Dramaturgia, nas Literaturas de Língua Inglesa, no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, nos estudos sobre Criação Literária e na chamada Literatura Popular – sua dissertação versou sobre a obra teatral de António Aleixo (1899-1949), poeta popular português, e suas aproximações com o teatro vicentino – primeiro trabalho acadêmico sobre o autor. É também um apaixonado pela música popular portuguesa e brasileira, ópera, cinema e artes plásticas. Como bom carioca, adora samba de raiz e torce para o Fluminense.
O escritor
Atualmente, divide-se entre as tarefas de escritor, revisor, tradutor e professor de criação literária em cursos livres. Foi o gestor cultural da 8INVERSO, de Porto Alegre, entre 2009 e 2011. Pela editora, publicou duas traduções, ambas indicadas ao Prêmio Açorianos de Literatura 2010, entre elas DOSTOIÉVSKI – CORRESPONDÊNCIAS (1838-1880), e teve seu livro de estreia na ficção, o infantil POR QUE O ELVIS NÃO LATIU?, premiado pela Revista CRESCER como um dos 30 melhores livros do ano e o mais votado pelos leitores da publicação em pesquisa realizada no site da revista – o mesmo livro foi também indicado ao Prêmio Açorianos de Literatura 2011 na categoria Literatura Infantil.
Em 2015, lançou seu primeiro romance, LONGE DAS ALDEIAS, com boa receptividade dos leitores e da crítica especializada; o romance foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura – Autor Estreante com mais de 40 anos – e do Prêmio Açorianos de Literatura na categoria Narrativa Longa, além de ter sido o vencedor do Prêmio AGES – da Associação Gaúcha de Escritores – de Melhor Livro do Ano/Narrativa Longa.
Em 2017, lançou seu site pessoal e, em 2018, seu espaço cultural voltado para Oficinas de Criação Literária, o Ateliê Literário, iniciativa que seguiu até o final de 2019. Frizero foi jurado do Prêmio Jabuti, a convite da Câmara Brasileira do Livro – CBL, entre 2017 a 2019. Também em 2019, passou a colaborar com a editora Entre Capas, do editor Sandro Bier, de Curitiba, como convidado do canal Café do Escritor e curador de antologias.