Personagens como os alicerces da história – Parte I
Não há dúvidas, em literatura de ficção, os personagens são os alicerces da história. São eles que dão corpo à narrativa de escrita criativa, mesmo nos casos dos narradores oniscientes.
Mas o que é um bom personagem? Como construir personagens? Eles podem ou não ser inspirados em pessoas reais? Qual a importância de um personagem em um romance, novela ou conto?
Todas estas são perguntas fundamentais na hora de compor as personalidades daquelas pessoas que darão humanidade ao seu texto de ficção.
A importância dos personagens como os alicerces da história
Como sugere Assis Brasil, no livro Escrever Ficcção. Um manual de criação literária (2019), bons personagens são capazes de sublimar e sustentar histórias com enredos sem grandes sobressaltos.
Bons exemplos, tal como cita o professor Assis brasil, são os protagonistas Raskólhnikov em Crime e castigo, de Dostoievski, o próprio Brás Cubas nas suas Memórias póstumas, de Machado de Assis, e Felicidade em Um coração singelo, de Flaubert.
Nos casos acima citados, importa menos o final do enredo da história, e mais o que acontecerá com as personagens cujas histórias são desenvolvidas nos romances.
O contrário também é verdadeiro. Personagens fracos e poucos convincentes podem significar o abandono da leitura antes de vigésima página.
O que é um personagem consistente?
Um personagem consistente é aquele cujas ações e comportamento são condizentes com seu perfil psicológico (questões internas à sua personalidade) e com o contexto em que está inserido na história (onde e como vive).
Isso implica dizer que tudo o que o personagem faz tem uma razão de ser. Esta razão, obviamente, é de natureza literária. Isto é, tem que corresponder às lógicas da própria narrativa em convergência ao princípio de verossimilhança.
Como construir personagens de ficção?
Em primeiro lugar é importante lembrar que na construção de personagens de ficção é interessante pensar atributos contrastantes. Isso os torna, além de humanos, raros e únicos.
Outro aspecto importante nesta construção é criar características que pertençam a campos semânticos distintos, ou seja, singularidades que, aparentemente, sejam antagônicas.
As características contraditórias da personalidade da personagem devem ser somente no nível da “aparência”. A isso conectamos o fato, descrito acima, que suas ações devem ser condizentes às condições internas e externas de sua existência na ficção.
Isso significa que, apesar de uma ou outra ação aparentemente contraditória, tais atos têm a ver com as complexidades que definem a personagem como tal.
Saiba como compor personagens como os alicerces da história
Os métodos e questionários de composição dos personagens são bastante variados. As sugestões abaixo são apenas algumas possibilidades. Aprimore, amplie e crie seus próprios questionários de acordo com suas necessidades.
Qual a idade da personagem?
Qual sua formação?
Qual sua situação financeira?
Quais são suas preferências culturais?
Onde e como mora?
Qual sua orientação sexual predominante?
Politicamente, tende a ser mais conservador ou liberal?
Qual o objetivo do personagem na história?
Quais são suas contradições mais aparentes?
Lembre-se, você não é obrigado a usar essas respostas na descrição das personagens. Tanto melhor se essas características aparecerem em seus atos na narrativa.
O “objetivo do personagem na história” necessariamente estará ligado ao conflito que leva ao clímax de sua narrativa ficcional. No desfecho você, como autor, decidirá se ele alcançará ou não seu objetivo e como fará isso.
Todos esses pontos servem para você conhecer melhor aqueles que dão vida à sua narrativa. Construa suas personagens e escreva grandes histórias.
Na próxima semana apresentamos a Parte II de nossas dicas de como construir personagens.
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Roberton Frizero – escritor
Roberson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária. É Mestre em Letras pela PUCRS e Especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua formação inclui bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ).
Seu livro de estreia, Por que o Elvis Não Latiu?, foi agraciado pelo Prêmio CRESCER como um dos trinta melhores títulos infantis publicados no Brasil.
O romance de estreia, Longe das Aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, do Prêmio Açorianos de Literatura e escolhido melhor livro do ano pelo Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – AGES. Foi, por três anos consecutivos, jurado do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro – CBL.
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