Gabriel Garcia Marquez: cinco dicas de escrita criativa do Gabo
Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo.
Gabriel Garcia Marquez
O parágrafo que abre este texto é a reprodução das primeira linhas do romance Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marquez, jornalista e escritor colombiano e Nobel de Literatura.
No texto de hoje, apresentaremos dicas a partir de cinco breves postulados de um dos maiores nomes da literatura latino-americana.
Os aforismos foram retirados de diferentes entrevistas e publicados orginalmente no site no site Como escribir tu novela.
Uma coisa é uma história longa, e outra, uma história alongada
Escritores menos experientes ou mesmo aspirantes a escritores às vezes podem se deixar seduzir pela quantidade de páginas de seus textos. Mas o que o mestre Gabo – apelido de Gabriel Garcia Marquez – nos ensina é que o mais importante é a qualidade.
Cada história, quando é bem escrita, tem o tamanho que precisa ter. Isto é, ela pode ser curta ou longa, mas jamais deve ser alongada, tendo mais páginas que o necessário.
O fim de uma história deve ser escrito quando se está na metade
Seguir esta dica pode parecer difícil quando lemos apressadamente o aforismo “marqueziano”, mas o que o escritor está nos sugerindo, é que, de algum modo, saibamos onde chegar.
Saber o final da história – o que pode ocorrer antes da primeira letra ir para o papel no caso dos contos, por exemplo – e escrevê-lo na metade do texto pode tornar o desenvolvimento do enredo (ou trama) muito mais excitante para os leitores, mas também para quem está escrevendo.
Você tem que começar com a vontade de que aquilo que vai escrever será a melhor coisa que já escreveu, pois sempre fica algo desta vontade
Escrever como se fosse a última e a melhor história da vida é o que todos devemos fazer quando estamos diante da produção de um texto ficcional. Essa é uma maneira de não perder o entusiasmo e seguir motivado ao longo de toda escrita.
Um cuidado deve ser levado em conta, o de não transformar este imperativo em bloqueio criativo.
Quando o escritor se entedia escrevendo, o leitor se entediará lendo
Pense. Se nem você está convencido de aquilo que escreveu está bom, como o leitor se convenceria? Lembre-se, escrever é uma tarefa de transpiração, é difícil, mas totalmente realizável, desde que você se dedique.
Ninguém nasce escritor, mas todo mundo, desde muito jovem, aprende a contar histórias. É assim, uma questão de sobrevivência não somente simbólica, mas concreta também.
É assim que as crianças pequenas, desde muito tenras aprendem a tratar de seus dilemas e a contar aos pais o que aconteceu. Agora que crescemos, nos resta colocar histórias no papel.
O dever revolucionário de um escritor é escrever bem
A arte existe, dizia Eliot, porque a vida não basta. E assim é a escrita criativa. Há muitas posições sobre a relação entre arte e política, mas nenhuma delas se sustenta quando a arte é medíocre ou ruim.
A maior revolução de um artista é fazer seu trabalho com dedicação, esmero e qualidade estética. E no caso da literatura, como nos ensina o mestre Gabo, a maior revolução é escrever bem.
Gabriel Garcia Marquez, breve biografia
Gabriel José García Márquez nasceu na cidade de Aracataca, Colômbia, em 6 de março de 1927. Foi um escritor, jornalista, editor, ativista e político colombiano. Considerado um dos autores mais importantes do século XX, foi um dos escritores mais admirados e traduzidos no mundo, com mais de 40 milhões de livros vendidos em 36 idiomas. Foi laureado com o Prémio Internacional Neustadt de Literatura em 1972, e o Nobel de Literatura de 1982 pelo conjunto de sua obra que, entre outros livros, inclui o aclamado Cem Anos de Solidão. Foi o maior representante do que ficou conhecido como realismo mágico na literatura latino-americana. Morreu na Cidade do México, em 17 de abril de 2014. (Fonte Wikipedia)
Clube de criação literária
O Clube de Criação Literária é uma dessas ações de mecenato coletivo – neste caso, em favor do escritor e tradutor Robertson Frizero. Mas, como o próprio nome sugere, é uma ação de mecenato que traz, também, uma ideia inovadora no campo da formação continuada em Escrita Criativa.
Associando-se ao Clube, o participante colabora com o mecenato coletivo e tem acesso a conteúdo exclusivo sobre Criação Literária:
- Material didático, artigos e resenhas de livros de interesse na área de Criação Literária;
- Reuniões on-line e debates sobre Criação Literária, Literatura e Mercado Editorial;
- Vídeos, áudios, apresentações e sessões de mentoria literária em grupo;
- Sorteios mensais de livros e serviços de mentoria literária individual e leitura crítica.
Por favor Roberto, você sabe o nome do autor da imagem que adorna seu blog? A da cidade de Macondo? Está sem crédito.
Obrigado
A fonte é Wikimedia Commons.