Robertson Frizero

Escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária

Inspirados pelo Espírito Natalino e com os desejos de um Feliz Natal, nosso último texto antes desta importante data cristã, traz uma reflexão sobre Deus na coletânea de contos O Aleph de Jorge Luis Borges.

Borges é, possivelmente, o maior escritor argentino de todos os tempos. Sua vasta obra foi traduzida para os Estados Unidos e diversos países europeus. Seu trabalho foi reconhecido com o Prêmio Cervantes, em 1979, o mais importante em língua espanhola.

No conto Deutsches Requiem reflete sobre a religiosidade e sobre como podemos nos ver diante de Deus, num inspirador texto que debate, entre outras coisas, a fé.

O título do conto, Réquiem Alemão, em tradução livre, remete à composição homônima de Johannes Brahms, citado no conto (incorporamos a composição para quem quiser ouvir).

Deutsches Requiem

O narrador é um militar do Terceiro Reich condenado à morte que reflete sobre seus antepassados e sobre as condições que o levaram a ser um assassino e torturador. Ele próprio se declara culpado pelos crimes a ele imputado diante do tribunal.

A história não nos dá muitas pistas diretas sobre Deus, mas nos leva em labirintos muito particularmente borgianos, fazendo-nos um convite a refletir sobre nossa religiosidade.

“Ao fim acreditei entender. Morrer por uma religião é mais simples que vivê-la em sua plenitude: batalhar em Éfeso contra as feras é menos duro (milhares de mártires obscuros o fizeram) que ser Paulo, apóstolo de Jesus Cristo; um ato é menos que todas as horas de um homem.”

Deutches Requiem, de Jorge Luis Borges

A reflexão que o trecho faz nos convida a pensar sobre a intolerância religiosa de que somos testemunhas e sobre como é importante vivermos nossa religiosidade em harmonia com todos os povos.

Um Feliz Natal!

Que o nascimento do Menino Deus nos inspire no amor e na construção de um mundo mais tolerante, amoroso e com compaixão!

O Aleph

Capa do Livro, O Aleph de Jorge Luis Boges. Capa negra com imagem abstrata em branco

O Aleph, El Aleph, no original, é um livro de histórias curtas de Jorge Luis Borges, publicado em 1949, aborda vários pontos paradoxais como a imortalidade, a identidade, o duplo, a eternidade, o tempo, a soberba, a condição humana e suas crenças.

Enfrenta estes temas com criatividade, uma escrita rigorosa e ao mesmo tempo erudita e clara, com elevado conhecimento cultural, o que leva os leitores a um intrincado labirinto de ideias e reflexões.

Jorge Luis Borges

Jorge Luis Borges, sentado em seu escritório com a mão esquerda sobre uma bengala e olhando o vazio (Imagem: acervo Argentine National Library, 1973)

Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo nasceu em 24 de agosto de 1889 e morreu em 14 de junho de 1986. Foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino. Sua formação inicial foi no Colégio Calvino, na Suíça. Estudou Direito na Universidade de Buenos Aires. Mais tarde, Borges estudou na Universidade de Cambridge para tornar-se professor.

Em 1914, sua família mudou-se para Suíça e regressou à Argentina em 1921, quando começa a publicar seus poemas e ensaios em revistas literárias surrealistas. Também trabalhou como bibliotecário e professor universitário.

Em 1955, foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional da República Argentina e professor de literatura na Universidade de Buenos Aires. Em 1961, destacou-se no cenário internacional quando recebeu o primeiro prêmio internacional de editores, o Premio Formentor de las Letras Internacional, compartilhado com o dramaturgo Samuel Beckett.

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Roberson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária. É Mestre em Letras pela PUCRS e Especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua formação inclui bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ). Seu livro de estreia, Por que o Elvis Não Latiu?, foi agraciado pelo Prêmio CRESCER como um dos trinta melhores títulos infantis publicados no Brasil. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, do Prêmio Açorianos de Literatura e escolhido melhor livro do ano pelo Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – AGES. Foi, por três anos consecutivos, jurado do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro – CBL.

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