Robertson Frizero

Escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária

Em nosso último post falávamos sobre adaptação de livros para o cinema. Hoje abordaremos, justamente, uma obra literária que foi adaptada para as grandes telas.

Capa livro Singué Sabour de Atiq Rahimi
Capa livro Singué Sabour de Atiq Rahimi

Trata-se do livro de Syngué sabour – Pedra-de-paciência, do escritor e cineasta franco-afegão Atiq Rahimi. A adaptação cinematográfica dessa obra teve o título traduzido no Brasil apenas como “Pedra de paciência”.

A obra foi publicada o Brasil em 2009 pela editora Estação Liberdade. Nunca foi um best-seller por aqui e mesmo no cinema não integrou o circuito comercial. Esteve por algum momento disponível na plataforma Mubi, mas agora (fevereiro de 2023) não está em exibição.

Tanto o livro quanto o filme tratam poeticamente, não em raros momentos com uma beleza aterradora, sobre a condição humana, jogando sobre nós a dimensão mais brutal de nossa existência. É um livro belo e profundo.

Mulher no primeiro plano, homem no segundo plano, dividindo a tela. Mulher com olhar baixo.
Imagem: Imovision divulgação do filme

Pedra de Paciência

O livro é escrito em memória e homenagem a Nadia Anjuman, poetisa afegã assassinada pelo marido. A protagonista da obra é, igualmente, uma mulher afegã, mas não poeta e tampouco é assassinada pelo marido. Ao contrário, é ela quem vela o esposo, que vive em uma espécie de coma, sem reações e os olhos sempre fechados sobre a cama com uma bala alojada na cabeça.

Essa narrativa, escrita em memória de N.A. – poetisa afegã barbaramente assassinada por seu marido -, é dicada a M.D.

Atiq Rahini em Singué sabour

SINOPSE

Mulher no primeiro plano, homem no segundo plano, dividindo a tela. Mulher com olhar baixo.
Imagem: Imovision divulgação do filme

Os tempos são difíceis, na rua os tanques e as Kalashnikov atiram sem cessar, a guerra civil impera às portas da casa onde a mulher espera por um milagre. Enquanto isso, lentamente a mulher faz jorrarem de dentro de si as recordações há muito escondidas. Passa a narrar ao marido fatos que ele sempre ignorara.

Como a syngué sabour da mitologia persa, a pedra negra que recebe dos peregrinos suas dores e lamentos, o homem prostrado ouve sua esposa. Ouve a extraordinária confissão da mulher, que compartilha, de maneira inimaginável num país islâmico, tudo o que mantivera para si, soterrado sob uma espessa camada de tradição.

A frase que abre o livro — “Em algum lugar do Afeganistão ou alhures” — já revela a proposta do autor de não particularizar sua obra no âmbito topográfico: é sobre cultura afegã, ou, mais precisamente, sobre a ortodoxia islâmica que o autor se debruça em Syngué sabour.

Trailler do filme – Pedra de Paciência

Ficha Técnica

Nacionalidades: FrançaAlemanhaAfeganistão
Distribuidor: IMOVISION
Ano de produção: 2012
Tipo de filme: Longa-metragem
Idioma: Persa
Cor: Colorido

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Roberson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária. É Mestre em Letras pela PUCRS e Especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua formação inclui bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ). Seu livro de estreia, Por que o Elvis Não Latiu?, foi agraciado pelo Prêmio CRESCER como um dos trinta melhores títulos infantis publicados no Brasil. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, do Prêmio Açorianos de Literatura e escolhido melhor livro do ano pelo Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – AGES. Foi, por três anos consecutivos, jurado do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro – CBL.

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