Arte Armorial: um movimento entre o popular e o erudito
O Movimento Armorial foi lançado em 18 de outubro de 1970, em Recife, por diversos artistas – escritores, pintores, artistas plásticos, atores e cineastas – e capitaneado por Ariano Suassuna. Arte Armorial é o nome que se dá à iniciativa que buscava unir elementos da cultura popular a uma visão erudita da arte.
Os 50 anos do Movimento Armorial foram completados em 2020. Em 2022, o Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB, em Brasília, recebe a exposição dedicada ao tema. Organizada em várias galerias, a exposição artística que celebra o movimento segue até o dia 15 de janeiro na capital federal.
A Pedra do Reino, romance armorial fundador
Outro celebrado e importante escritor pernambucano, Raimundo Carrero considerou à época o lançamento de A Pedra do Reino como o marco fundador do movimento. O livro foi publicado em 1971. No ano anterior, porém, outros artistas e o próprio Suassuna já tinham lançado quadros, esculturas e “iluminogravuras”.
Iluminogravuras
Iluminogravuras é o termo que resulta da junção das palavras iluminuras e gravuras. Trata-se de um tipo de poesia visual que une texto literário e imagem. Na exposição no CCBB há uma série de quadros deste tipo produzidos pelo próprio Suassuna.
Onça Caetana
Onça Caetana é uma das representações da morte na cultura popular nordestina. Isso porque a morte tem nome de mulher, Caetana, e pode se apresentar de forma doce e sedutora, nos dando um abraço de onça e nos carregando sem percebermos.
Outra de suas formas de expressão é quando ela se apresenta como onça feroz, nos morde e nos arranca a vida com suas garras. No romance A Pedra do Reino, a Onça Caetana é uma das personagens da obra.
Foto: Onça Caetana confeccionada pelo bonequeiro mineiro Agnaldo Pinho (Foto: Ricardo Machado)
Sobre a exposição – Movimento Armorial 50 anos
Fonte: site CCBB
Organizada em núcleos, a mostra toma conta do térreo e do subsolo da Galeria I e da Galeria II do CCBB Brasília. Para cada galeria foi definida uma expografia exclusiva, que trazem à tona a diversidade, as tradições e as mais representativas raízes da cultura popular nordestina, tal qual idealizado por Ariano Suassuna.
A imersão do visitante no fascinante universo da arte Armorial começa no piso térreo da Galeria I, onde será apresentada a chamada Fase Experimental (1970-1974), que marcou o início do movimento lançado no dia 18 de outubro de 1970, com uma exposição de artes plásticas e a apresentação da Orquestra Armorial. Entre os artistas plásticos desse período estão representados, nesta exposição: Aluísio Braga, Fernando Lopes da Paz, Miguel dos Santos, Fernando Barbosa e Lourdes Magalhães.
Ainda na Galeria I, apresentam-se os figurinos criados pelo artista plástico pernambucano Francisco Brennand (1927-2019) para o filme A Compadecida (1969), primeiro longa-metragem dirigido por George Jonas, baseado na consagrada peça O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Além de 12 desenhos realizados em nanquim aquarelado, são apresentados também figurinos dos cinco principais personagens da história.
A indumentária da Compadecida é original. Já os figurinos do Palhaço, Diabo, João Grilo, e Emanoel – o Cristo Negro, foram recriados, especialmente para a exposição, pela figurinista Flávia Rossette. Na galeria, o público também poderá ver cenas do filme, que reunia um elenco de famosos atores da época, como Antonio Fagundes e Armando Bógus, além de fotos da filmagem, realizada em Brejo da Madre de Deus, Pernambuco.
A Galeria I apresenta, também, um ambiente de destaque para a obra de Gilvan Samico (1928-2013), alinhado, desde os anos 1970 até 2013, aos princípios do Movimento Armorial. Muito conhecido por suas xilogravuras, o artista também é representado na exposição por pinturas. Neste módulo é também resgatado o trabalho musical da Orquestra e do Quinteto Armorial, grupos que atuaram com grande sucesso, desenvolvendo uma música erudita com influência popular.
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