Semana de Arte Moderna de 1922: o modernismo e os modernismos
A Semana de Arte Moderna de 1922 ocorreu entre os dias 13 e 17 de fevereiro. A proposta do movimento artístico era, certo modo, romper com o modernismo europeu propondo uma arte brasileira capaz de ser original e que valorizasse nossa identidade.
Os debates em torno de uma arte genuinamente brasileira começaram ainda na década de 1910, com a Exposição de Arte Moderna, de Anita Malfatti, em 1917.
Paulo Prado, prestigiado mecenas paulistano, foi um nome importante para a realização do evento; inspirando-se na “Semaine de Fêtes de Deauville“, na França, angariou recursos com amigos cafeeiros para realizar a “Semana de Arte Moderna”, em 1922.
A participação de Graça Aranha na Semana de 1922, que havia retornado aclamado da Europa à época do evento modernista, também ajudou a impulsionar as celebrações, sendo escolhido como o conferencista da abertura.
Não deixa de ser irônico, que uma das críticas mais contundentes à Semana de 1922 tenha partidos dos próprios modernistas, como Oswald de Andrade e os modernistas que mais tarde dariam forma ao Movimento Antropofágico.
Nem mesmo Graça Aranha escaparia das troças da chamada “descida antropofágica”, que deslocou o eixo modernista em direção aos povos nativos do Brasil.
Semana de Arte Moderna
Para o bem ou para o mal, a Semana de Arte Moderna foi a primeira manifestação coletiva pública na história da cultura no Brasil, razão pela qual a Semana de Arte Moderna tornou-se um marco.
Prenhe de paradoxos, o evento era ao mesmo tempo um gesto em oposição à arte conservadora, predominante desde o século XIX e patrocinada pelos cafeicultores paulistas, não raros ex-escravocratas, e realizada por seus herdeiros.
Durante muito tempo se usaram categorias como “pré” e “pós” modernismo para classificar movimentos artísticos que antecederam e sucederam a Semana de 1922. Contudo, hoje, apesar das controvérsias, está mais pacificado a noção de que no fundo o que havia eram modernismos, no plural.
Quais foram os principais nomes da Semana de Arte Moderna
Conheça os principais artistas que participaram do evento modernista de 1922. A fonte destas informações é a enciclopedia.itaucultural.org.br.
Literatura
• Graça Aranha (1868-1931)
• Guilherme de Almeida (1890-1969)
• Mário de Andrade (1893-1945)
• Menotti Del Picchia (1892-1988)
• Oswald de Andrade (1890-1954)
• Ronald de Carvalho (1893-1935)
• Tácito de Almeida (1889-1940)
• Manuel Bandeira (1884-1968)
Música
• Villa-Lobos (1887-1959)
• Debussy (1862-1918), interpretadas pela pianista Guiomar Novaes (1894-1979) e por Ernani Braga (1888-1948).
Pintura
• Anita Malfatti (1889-1964)
• Di Cavalcanti (1897-1976)
• Ferrignac (1892-1958)
• John Graz (1891-1980)
• Vicente do Rego Monteiro (1899-1970)
• Zina Aita (1900-1967)
• Yan de Almeida Prado (1898-1987)
• Antônio Paim Vieira (1895-1988)
Escultura
• Victor Brecheret (1894-1955)
• Wilhelm Haarberg (1891-1986)
• Hildegardo Velloso (1899-1966)
Arquitetura
• Antônio Garcia Moya (1891-1949)
• Georg Przyrembel (1885-1956)
Modernismo ou modernismos?
O modernismo brasileiro tinha como objetivo central promover o que os autores chamavam de libertação estética e o rompimento com o tradicionalismo (parnasianismo e simbolismo) literário. Soma-se a isso um desejo constante de experimentação.
Embora muitos de nós tenhamos aprendido na escola que obras de João do Rio e Lima Barreto faziam parte do que se chamava “pré-modernismo”, hoje em dia tais autores são reconhecidos como modernistas. Há também os modernistas brasileiros pós-Semana de 1922, entre ele Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, também chamados de integrantes da Terceira fase do modernismo.
Passados cem anos das festividades da há toda a sorte de contestações a 1922 e a diminuta representatividade de minorias de políticas no movimento, mulheres e negros especialmente, embora tenham sido representados. Esta discussão, hoje, é resultado de inúmeras publicações que trazem muitas camadas sobre o evento.
Essas disputas são temas de muitas discussões, mas também de avanços em favor dos grupos minoritários. O importante é não cair em reducionismo tacanho de que a Semana de 1922 foi exuberante ou uma tolice, mas, sim, pensar suas complexidades, limites e possibilidades.
Como toda manifestação da cultura nesse país continental, o modernismo é múltiplo e plural. O modernismo, no fundo, é um “modernismos”.
Clube de criação literária
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