Robertson Frizero

Escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária

É comum que escritores iniciantes ou inexperientes perguntem a seus tutores literários sobre como ter ideias para escrever ficção. Não raro, essa pergunta se soma a outra, também bastante recorrente, que é sobre como escrever boas estórias.

Em primeiro lugar, talvez seja importante que os escritores em começo de carreira superem uma visão, mais ou menos, romântica e idealizada da literatura. Escrita criativa ficcional é um trabalho árduo, intenso, contínuo e de transpiração.

Neste texto, apresentamos alguns pontos de vista sobre como termos ideias para escrever e, com elas à mão, como escrever bons textos. Vamos lá!

Card com texto sobre a romantização do ofício de escritor

Ideias para um texto de ficção

Abre os olhos e os ouvidos. Mantenha a atenção viva. É do dia a dia da vida cotidiana, banal e ordinária, que vêm as ideias para um texto de ficção. Nada, ou quase nada, em termos de ideias resultam de uma reflexão parcimoniosa e idílica da vida.

É dos dias em preto do calendário que vem insights, lampejos e até mesmo certos delírios da vida cotidiana, que, no entanto, são reais, e que nos permitem pensar estórias.

Portanto, para estar atento a essas possibilidades é importante manter alguns hábitos, entre eles: manter uma postura curiosa, ler bastante e na medida do possível os mais variados gêneros e ter uma atitude propositiva em relação à sua escrita.

Inspiração ou transpiração, o que é mais imporatante na escrita criativa?

Muito embora a inspiração seja uma ideia bastante sedutora para pensar o trabalho do escritor, ela, na maioria dos casos e momentos, é bastante inútil. Escrita é, pelo bem, pelo mal, transpiração.

Isso significa que escrever envolve dedicação do escritor. Há muitos romances, contos e poemas que morrem antes mesmo de terem nascido porque uma ideia, às vezes genial, surgiu e sumiu na cabeça do escritor sem jamais ter ido para o papel.

Não se trata de desprezar a inspiração, que pode vir e é bom que venha, mas, sim, de não se tornar refém de seus caprichos. Escrever envolve leitura, muita leitura, planejamento, persistência, foco e tantas outras coisas. A inspiração sem nada disso é estéril.

Reprodução de entrevista com Hemingway sobre o processo de escrita
Reprodução Wikimedia Commons

Como escrever boas histórias de ficção

Não há uma única resposta sobre como escrever boas histórias de ficção.

Mas é importante levar em conta que tanto a escolha da forma – romance, conto, crônica ou poema, entre outros – quanto do conteúdo – o texto propriamente dito – são decisões que resultam do compromisso do escritor com o próprio projeto de escrita.

Dicas de como escrever bem ficção

Em primeiro lugar considere que os tópicos que apresentaremos a seguir não são regras, mas, como o título sugere, dicas.

Faça destas indicações o melhor uso que puder para o seu projeto de escrita criativa. Se elas não parecerem adequadas, descarte-as sem piedade e construa seu método, mas leve em conta sempre o rigor técnico e estético.

  • Leia, leia e leia: a melhor maneira de construir um bom repertório literário é consumindo o maior número de gêneros e autores que lhes agradar. Isso vai lhe ajudar a apurar o modo como você percebe o mundo e a ver como coisas aparentemente banais podem ser incríveis;
  • Faça um planejamento da sua história: tente pensar como ela pode se desencadear, mesmo que na hora da escrita o texto tome rumos completamente diferentes. Esse exercício do planejamento fará com que seu cérebro pense alternativas para a sua estória;
  • Pense sobre as possibilidades de formatos: será que aquilo que você deseja expressar funciona bem com um poema? Talvez sim, mas se sua habilidade maior é com prosa, como seria a melhor forma de contar essa mesma história? Um conto é suficiente ou é necessário um romance? Quem sabe uma novela? …;
  • Escreva: simples assim. Escreva o que puder, quando puder e sempre que puder. Há um ditado popular que diz assim “escreva com vinho, revise com café”. Se for seguir a dica, não torne o álcool um hábito e neste caso é melhor seguir a recomendação médica, cujo efeito positivo do vinho reside em um pequeno cálice, não numa taça e menos ainda numa garrafa. Quanto ao café, se ele não te deixar agitado e angustiado pode ser bom para o processo de revisão, mas tome com moderação;
  • Participe de concursos literários, frequente oficinas de escrita criativa: coloque seu bloco na rua e compartilhe o que sabe com outras pessoas e também aprenda com elas.
  • Invente você mesmo suas formas de escrever e se inspirar: escrita criativa e narrativa ficcional é, sobretudo, um exercício de transpiração. Busque clareza na transmissão das suas ideiase e fuja do mito da inspiração!

Clube de criação literária

Clube de Criação Literária é uma dessas ações de mecenato coletivo – neste caso, em favor do escritor e tradutor Robertson Frizero. Mas, como o próprio nome sugere, é uma ação de mecenato que traz, também, uma ideia inovadora no campo da formação continuada em Escrita Criativa.

Associando-se ao Clube, o participante colabora com o mecenato coletivo e tem acesso a conteúdo exclusivo sobre Criação Literária:

  • Material didáticoartigos resenhas de livros de interesse na área de Criação Literária;
  • Reuniões on-line e debates sobre Criação LiteráriaLiteratura Mercado Editorial;
  • Vídeos, áudios, apresentações e sessões de mentoria literária em grupo;
  • Sorteios mensais de livros e serviços de mentoria literária individual e leitura crítica.

Desafio de literatura 2021: envie suas resenhas e ganhe prêmios

Conhece o Desafio de literatura 2021 do site Frizero? Você pode publicar sua resenha literária em nossa página e de quebra ganhar o livro  Dostoiévski – Correspondências (1838-1880), do escritor russo que completa duzentos anos de nascimento em 2021. A edição foi traduzida por Robertson Frizero.

Como devo escrever e enviar minha resenha

No mês de dexembro, o desafio é ler Um livro que tenha como pano de fundo uma guerra, mas que tenha uma mensagem positiva e otimista.

Para participar basta enviar seu texto para sitefrizero@gmail.com com o assunto [DESAFIO DE LITERATURA – NOME DO PARTICIPANTE].

Lembre-se deixar no formato .doc com a seguinte formatação: Times New Roman, 12, espaçamento 1.5, título e autor no nome do arquivo.

Caso sua resenha seja escolhida para publicação, você receberá um e-mail solicitando dados para o recebimento da premiação.


Robertson Frizero

Retrato de Robertson Frizero
Robertson Frizero

Robertson Frizero é escritor, tradutor e professor de Criação Literária. Sua primeira oficina foi lançada em 2011, e desde então se manteve em atividade contínua, entre oficinas, cursos, palestras e mentorias literárias. Foi jurado do Prêmio Jabuti de Literatura por três anos consecutivos e jurado do Prêmio Açorianos de Literatura. É Mestre em Letras pela PUCRS e especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS.

Frizero é autor de romances e livros infantis premiados, e já publicou também poesia, contos e textos teatrais. Seu livro de estreia, o infantil Por que o Elvis Não Latiu? [8INVERSO, 2010], foi agraciado com o Prêmio Crescer. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias [Dublinense, 2015], ganhou o Prêmio AGES de melhor romance do ano pela Associação Gaúcha de Escritores – AGES e foi finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Açorianos de LiteraturaLonge das Aldeias foi também escolhido pelo Governo Federal para distribuição à Rede Pública de Ensino no PNDL Literário 2018. Em 2020, Longe das Aldeias foi traduzido para o árabe e publicado no Kuwait e Iraque, com distribuição para todo o mundo árabe.


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Roberson Frizero é escritor, tradutor, dramaturgo e professor de Criação Literária. É Mestre em Letras pela PUCRS e Especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS. Sua formação inclui bacharelado em Ciências Navais pela Escola Naval (RJ). Seu livro de estreia, Por que o Elvis Não Latiu?, foi agraciado pelo Prêmio CRESCER como um dos trinta melhores títulos infantis publicados no Brasil. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, do Prêmio Açorianos de Literatura e escolhido melhor livro do ano pelo Prêmio Associação Gaúcha de Escritores – AGES. Foi, por três anos consecutivos, jurado do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro – CBL.

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