Das ideias à forma: como superar o mito da inspiração
É comum que escritores iniciantes ou inexperientes perguntem a seus tutores literários sobre como ter ideias para escrever ficção. Não raro, essa pergunta se soma a outra, também bastante recorrente, que é sobre como escrever boas estórias.
Em primeiro lugar, talvez seja importante que os escritores em começo de carreira superem uma visão, mais ou menos, romântica e idealizada da literatura. Escrita criativa ficcional é um trabalho árduo, intenso, contínuo e de transpiração.
Neste texto, apresentamos alguns pontos de vista sobre como termos ideias para escrever e, com elas à mão, como escrever bons textos. Vamos lá!
Ideias para um texto de ficção
Abre os olhos e os ouvidos. Mantenha a atenção viva. É do dia a dia da vida cotidiana, banal e ordinária, que vêm as ideias para um texto de ficção. Nada, ou quase nada, em termos de ideias resultam de uma reflexão parcimoniosa e idílica da vida.
É dos dias em preto do calendário que vem insights, lampejos e até mesmo certos delírios da vida cotidiana, que, no entanto, são reais, e que nos permitem pensar estórias.
Portanto, para estar atento a essas possibilidades é importante manter alguns hábitos, entre eles: manter uma postura curiosa, ler bastante e na medida do possível os mais variados gêneros e ter uma atitude propositiva em relação à sua escrita.
Inspiração ou transpiração, o que é mais imporatante na escrita criativa?
Muito embora a inspiração seja uma ideia bastante sedutora para pensar o trabalho do escritor, ela, na maioria dos casos e momentos, é bastante inútil. Escrita é, pelo bem, pelo mal, transpiração.
Isso significa que escrever envolve dedicação do escritor. Há muitos romances, contos e poemas que morrem antes mesmo de terem nascido porque uma ideia, às vezes genial, surgiu e sumiu na cabeça do escritor sem jamais ter ido para o papel.
Não se trata de desprezar a inspiração, que pode vir e é bom que venha, mas, sim, de não se tornar refém de seus caprichos. Escrever envolve leitura, muita leitura, planejamento, persistência, foco e tantas outras coisas. A inspiração sem nada disso é estéril.
Como escrever boas histórias de ficção
Não há uma única resposta sobre como escrever boas histórias de ficção.
Mas é importante levar em conta que tanto a escolha da forma – romance, conto, crônica ou poema, entre outros – quanto do conteúdo – o texto propriamente dito – são decisões que resultam do compromisso do escritor com o próprio projeto de escrita.
Dicas de como escrever bem ficção
Em primeiro lugar considere que os tópicos que apresentaremos a seguir não são regras, mas, como o título sugere, dicas.
Faça destas indicações o melhor uso que puder para o seu projeto de escrita criativa. Se elas não parecerem adequadas, descarte-as sem piedade e construa seu método, mas leve em conta sempre o rigor técnico e estético.
- Leia, leia e leia: a melhor maneira de construir um bom repertório literário é consumindo o maior número de gêneros e autores que lhes agradar. Isso vai lhe ajudar a apurar o modo como você percebe o mundo e a ver como coisas aparentemente banais podem ser incríveis;
- Faça um planejamento da sua história: tente pensar como ela pode se desencadear, mesmo que na hora da escrita o texto tome rumos completamente diferentes. Esse exercício do planejamento fará com que seu cérebro pense alternativas para a sua estória;
- Pense sobre as possibilidades de formatos: será que aquilo que você deseja expressar funciona bem com um poema? Talvez sim, mas se sua habilidade maior é com prosa, como seria a melhor forma de contar essa mesma história? Um conto é suficiente ou é necessário um romance? Quem sabe uma novela? …;
- Escreva: simples assim. Escreva o que puder, quando puder e sempre que puder. Há um ditado popular que diz assim “escreva com vinho, revise com café”. Se for seguir a dica, não torne o álcool um hábito e neste caso é melhor seguir a recomendação médica, cujo efeito positivo do vinho reside em um pequeno cálice, não numa taça e menos ainda numa garrafa. Quanto ao café, se ele não te deixar agitado e angustiado pode ser bom para o processo de revisão, mas tome com moderação;
- Participe de concursos literários, frequente oficinas de escrita criativa: coloque seu bloco na rua e compartilhe o que sabe com outras pessoas e também aprenda com elas.
- Invente você mesmo suas formas de escrever e se inspirar: escrita criativa e narrativa ficcional é, sobretudo, um exercício de transpiração. Busque clareza na transmissão das suas ideiase e fuja do mito da inspiração!
Clube de criação literária
O Clube de Criação Literária é uma dessas ações de mecenato coletivo – neste caso, em favor do escritor e tradutor Robertson Frizero. Mas, como o próprio nome sugere, é uma ação de mecenato que traz, também, uma ideia inovadora no campo da formação continuada em Escrita Criativa.
Associando-se ao Clube, o participante colabora com o mecenato coletivo e tem acesso a conteúdo exclusivo sobre Criação Literária:
- Material didático, artigos e resenhas de livros de interesse na área de Criação Literária;
- Reuniões on-line e debates sobre Criação Literária, Literatura e Mercado Editorial;
- Vídeos, áudios, apresentações e sessões de mentoria literária em grupo;
- Sorteios mensais de livros e serviços de mentoria literária individual e leitura crítica.
Desafio de literatura 2021: envie suas resenhas e ganhe prêmios
Conhece o Desafio de literatura 2021 do site Frizero? Você pode publicar sua resenha literária em nossa página e de quebra ganhar o livro Dostoiévski – Correspondências (1838-1880), do escritor russo que completa duzentos anos de nascimento em 2021. A edição foi traduzida por Robertson Frizero.
Como devo escrever e enviar minha resenha
No mês de dexembro, o desafio é ler Um livro que tenha como pano de fundo uma guerra, mas que tenha uma mensagem positiva e otimista.
Para participar basta enviar seu texto para sitefrizero@gmail.com com o assunto [DESAFIO DE LITERATURA – NOME DO PARTICIPANTE].
Lembre-se deixar no formato .doc com a seguinte formatação: Times New Roman, 12, espaçamento 1.5, título e autor no nome do arquivo.
Caso sua resenha seja escolhida para publicação, você receberá um e-mail solicitando dados para o recebimento da premiação.
Robertson Frizero
Robertson Frizero é escritor, tradutor e professor de Criação Literária. Sua primeira oficina foi lançada em 2011, e desde então se manteve em atividade contínua, entre oficinas, cursos, palestras e mentorias literárias. Foi jurado do Prêmio Jabuti de Literatura por três anos consecutivos e jurado do Prêmio Açorianos de Literatura. É Mestre em Letras pela PUCRS e especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS.
Frizero é autor de romances e livros infantis premiados, e já publicou também poesia, contos e textos teatrais. Seu livro de estreia, o infantil Por que o Elvis Não Latiu? [8INVERSO, 2010], foi agraciado com o Prêmio Crescer. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias [Dublinense, 2015], ganhou o Prêmio AGES de melhor romance do ano pela Associação Gaúcha de Escritores – AGES e foi finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Açorianos de Literatura. Longe das Aldeias foi também escolhido pelo Governo Federal para distribuição à Rede Pública de Ensino no PNDL Literário 2018. Em 2020, Longe das Aldeias foi traduzido para o árabe e publicado no Kuwait e Iraque, com distribuição para todo o mundo árabe.
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