A epopeia de Gilgamesh: o livro mais antigo do mundo
E se lhe contássemos que o livro mais antigo do mundo tem por volta de 4 mil anos? É claro que você diria, ora, pare de delírios o livro é uma invenção do final século 15, tem pouco menos de seiscentos anos. É verdade, mas vem comigo que explico melhor.
A Epopeia de Gilgamesh (São Paulo: Autêntica, 2017) é uma obra cuja origem, estima-se, em 4 mil anos, já que foi escrita mais ou menos 2 mil anos a.C. O “documento” que deu resultou no livro que hoje conhecemos ficou soterrado desde o incêndio, em 612 a.C., que devastou a Biblioteca de Nínive. Essa cidade, na região da Antiga Mesopotâmia, fica localizada, hoje, próxima à cidade de Mossul, no Iraque.
Em 1849, arqueólogos britânicos encontraram as ruínas desta antiga biblioteca e com ela 30 mil plaquetas com escrita cuneiforme de onde se encontram mais de 1.200 escritos distintos, dentre eles a Epopeia de Gilgamesh.
Um fato interessante é que se encontra nesta narrativa textos análogos aos que apareceriam mais tarde na Bíblia, datados do século 8 a.C. É o caso do dilúvio e de um sujeito arquetipicamente similar a Adão, descritos no que se chama Pentateuco do Antigo Testamento cristão ou Torá judaica.
As grandes obras helênicas de Homero – Ilíada e Odisseia – do século 8 e 9 a.C. também apresentam trechos similares às aventuras de Gilgamesh. Trata-se, em dúvida, de um livro muito importante para a Antiguidade.
O que conta a história de Gilgameshi
Há uma dúvida que perdura até os dias atuais, se Gilgamesh foi apenas um personagem literário ou se de fato existiu? Pelo sim, pelo não, Gilgamesh foi um dos reis da dinastia de Uruk, cujo reinado teria se dado por volta dos anos 2.659 a.C.
Além disso, foi um dos mais conhecidos antecessores dos reis sumérios, sendo venerado como herói e não raras vezes visto como divindade. A obra começa, justamente, com uma exaltação a Gigalmesh, ressaltando suas virtudes.
Invencível e autocentrado, ainda que um competente rei, os súditos de Gilgamesh rogam à deusa Aruru que crie um ser igual ao monarca para que seja capaz de desafiá-lo. Com um pouco de barro (e talvez a similaridade da bíblia com este texto não seja coicidência) Aruru cria Enkidu, que passa a viver na floresta.
A certa altura, Gilgamesh ao saber da existência de Enkidu pede uma cortesã – e não é qualquer cortesã, mas a mais irresistível do reino – que vá à floresta o seduza e leve-o à cidade. Logo no primeiro encontro ambos medem forças, lutam bravamente e, depois de um reconhecer a força do outro, acabam tornando-se amigos.
Depois de um tempo vivendo na cidade, Enkidu e Gilgamesh resolvem sair em aventuras quando se veem com a necessidade de enfrentar Humbada, um gigante temido. Mais tarde, no regresso ao palácio, a não correspondência de Gilgamseh ao amor da deusa Isthar faz com que ela envie o Touro celeste, que é derrotado pela dupla. Furiosa, Isthar então amaldiçoa e Enkidu adoece de uma enfermidade fatal.
Mais tarde, Gilgamesh sozinho procura Utnapishtim, um velho ancião que sobreviveu ao grande dilúvio narrado na obra. Ele quer saber qual o segredo da imortalidade e sai, então, em busca da resposta a esta grande pergunta. O desfecho da história tem a ver com esta procura e aventura realizada por Gilgamesh, que ao fim volta ao seu reino.
É claro que a história é bem mais complexa que este breve resumo, apresentado cheio de saltos, mas com o cuidado de oferecer o mínimo de spoilers. Trata-se de uma história fascinante e que sobreviveu de forma impressionante ao tempo.
O que foi a Mesopotâmia
Falar de Gilgamesh significa falar da Mesopotâmia, esta região, um dos berços da humanidades, situada entre os Rios Tigre e Eufrates. Aliás, etimologicamente falando, o termo Mesopotâmia refere-se à ideia de terra entre dois rios. Hoje essa região corresponde, em sua maior parte, aos territórios do Iraque e Kwait.
Na Idade do Bronze a Mesopotâmia abrigou a Suméria, além dos impérios Acadiano, Babilônico e Assírio. Na Idade do Ferro foi controlada pelos impérios Neoassírio e Neobabilônico. Os povos sumérios e acádios (incluindo assírios e babilônios) dominaram a região desde o início da história escrita (c. 3 100 a.C.) até a queda de Babilônia em 539 a.C., período da conquista do Império Aquemênida.
Aproximadamente por volta de 150 a.C., a Mesopotâmia estava sob o controle do Império Parto. Em 226 d.C., tornou-se território dos persas sassânidas e permaneceu sob domínio persa até a conquista muçulmana da Pérsia no século VII do Império Sassânida.
Mesopotâmia e Império Persa
A Mesopotânia fez parte do Antigo Império Persa. Aliás, a palavra “Pérsia”, que dá origem à expressão “Império Persa”, é o nome metonímico pelo qual os gregos da Antiguidade designavam o território governado pelos reis aquemênidas, cuja dinastia (c. 550–330 a.C.) está ligada ao apogeu do império, quando foi considerado o maior de todos no mundo conhecido.
No século III, sob o Império Sassânida, aparece a palavra Ērān, que hoje é o que chamamos Irã. No século VII, após a queda dos Sassânidas, o país volta a ser chamado de “Pérsia”. Essa denominação seria usada até 1934, quando Reza Pálavi, por decreto firmado em 31 de dezembro daquele ano, substitui o nome “Pérsia” por Irã. Em 1959, porém, ambos os nomes passaram a ser admitidos oficialmente pelo governo iraniano.
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Robertson Frizero
Robertson Frizero é escritor, tradutor e professor de Criação Literária. Sua primeira oficina foi lançada em 2011, e desde então se manteve em atividade contínua, entre oficinas, cursos, palestras e mentorias literárias. Foi jurado do Prêmio Jabuti de Literatura por três anos consecutivos e jurado do Prêmio Açorianos de Literatura. É Mestre em Letras pela PUCRS e especialista em Ensino e Aprendizagem de Línguas Estrangeiras pela UFRGS.
Frizero é autor de romances e livros infantis premiados, e já publicou também poesia, contos e textos teatrais. Seu livro de estreia, o infantil Por que o Elvis Não Latiu? [8INVERSO, 2010], foi agraciado com o Prêmio Crescer. Seu romance de estreia, Longe das Aldeias [Dublinense, 2015], ganhou o Prêmio AGES de melhor romance do ano pela Associação Gaúcha de Escritores – AGES e foi finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Açorianos de Literatura. Longe das Aldeias foi também escolhido pelo Governo Federal para distribuição à Rede Pública de Ensino no PNDL Literário 2018. Em 2020, Longe das Aldeias foi traduzido para o árabe e publicado no Kuwait e Iraque, com distribuição para todo o mundo árabe.
Luz no caminho
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