
CP – Feliz Ano Frizero!, por Luiz Gonzaga Lopes
“O livro de Robertson Frizero me impressionou pela capacidade de ser sucinto (96 páginas), mas dentro dele reconstruir uma história densa, memorialística de um jovem de 17 anos que busca pelas pistas do pai ignorado com a tia, diante da mãe com Alzheimer ou um bloqueio traumático dos horrores da guerra nos Balcãs. Fiz uma resenha sobre o livro para o blog Livros A+ do Correio do Povo, sob o título “O pai que nos protege”. Lá traço um paralelo da escolha do nome do personagem, “Emanuel, que significa Deus conosco, mas que podia ser Teófilo, amigo de Deus. O deus da busca pela verdade da guerra, do genocídio, da submissão de um povo por outro e os ecos desta barbárie nos que ficaram, nos que sobreviveram a tudo”.

Há uma delicadeza, uma imersão nos recônditos da alma humana, em descrever a vida de Emanuel, as suas aflições, a tentativa de seguir o namoro com Madalena, mas a dor do passado, que se materializa no trauma da mãe, a busca pelo pai Josif e a derrubada dos castelos no ar em questões intermináveis à tia Mirna, nos levam a uma espiral prazer-dor, quase Reichiana, da busca por esta verdade, junto com Emanuel. Assim, mergulhamos nos horrores e atrocidades de uma guerra e na tentativa de redenção de um jovem pela simples, mas dolorida busca pela verdade.
Na orelha do livro, o grande parceiro literário Gustavo Melo Czekster, de “O Homem Despedaçado” (Dublinense, 2011), me auxilia a decifrar o livro, dizendo que o autor ‘na melhor tradição de Eça de Queirós e Balzac, mostra a memória tanto como bálsamo quanto como veneno, revela o amor como um jogo de neblina e de espelhos e trata a vida como uma longa história repleta de reticências e de pontas soltas.’”